maybe paranoid, but not an android
Bliss:
Se vocês soubessem o quanto o supermercado me deprime, não saberiam explicar o que eu tanto faço lá dentro. Cenoura, batata (frita, palha, escovada, ou que mais?), requeijão, quantos desses foram trazidos a essas medonhas prateleiras sem antes terem sido produto da exploração injusta da mão de obra assalariada, pra não dizer escravo?
Exclusivo, em primeira mão:
Uma moça liga às oito da matina e eu atendo.
- É do citibank. Eu gostaria de falar com o senhor luciano.
- Ele não está.
- Que horas ele está em casa?
-Bem, acho que você não o pega mais em casa, só de noite. Lá pelas 8 ou 9 da noite.
- Tudo bem, eu retorno esse horário.
- Como assim??!?
- Eu ligo mais tarde.
- Tão tarde? Vais ficar esse tempo todo no trabalho?
- Sim.
- A menos que vc tenha uma folga de dois dias depois, sinto lhe dizer mas a senhora está sendo explorada.
- Hãn?
- É sim. Tá na Constituição. Pode olhar.
- Tenha um bom dia. Obrigada e até mais.
- Ei...
(desliga)
- Não vai fazer nada...?
Acordo e vejo as horas. Onze e pouco. Vixe.
Minha frustração com o capitalismo tem nome, meus caros: é banco imobiliário. Eu sempre perdi no banco imobiliário.
Se vocês soubessem o quanto o supermercado me deprime, não saberiam explicar o que eu tanto faço lá dentro. Cenoura, batata (frita, palha, escovada, ou que mais?), requeijão, quantos desses foram trazidos a essas medonhas prateleiras sem antes terem sido produto da exploração injusta da mão de obra assalariada, pra não dizer escravo?
Exclusivo, em primeira mão:
Uma moça liga às oito da matina e eu atendo.
- É do citibank. Eu gostaria de falar com o senhor luciano.
- Ele não está.
- Que horas ele está em casa?
-Bem, acho que você não o pega mais em casa, só de noite. Lá pelas 8 ou 9 da noite.
- Tudo bem, eu retorno esse horário.
- Como assim??!?
- Eu ligo mais tarde.
- Tão tarde? Vais ficar esse tempo todo no trabalho?
- Sim.
- A menos que vc tenha uma folga de dois dias depois, sinto lhe dizer mas a senhora está sendo explorada.
- Hãn?
- É sim. Tá na Constituição. Pode olhar.
- Tenha um bom dia. Obrigada e até mais.
- Ei...
(desliga)
- Não vai fazer nada...?
Acordo e vejo as horas. Onze e pouco. Vixe.
Minha frustração com o capitalismo tem nome, meus caros: é banco imobiliário. Eu sempre perdi no banco imobiliário.
2 Comentários:
hipótese #2
a moça ao telefone é, na verdade, não uma simples moça ao telefone, mas uma vendedora dos produtos bancários muito bem comissionada. em tal dia, ela resolve aumentar seus % e assim, o salário no fim do mês, convencendo pessoas de seu banco de dados a aceitar o cartão de crédito/ seguro/ investimento/ e etecetera. daí, escolhe o sêo luciano. este não estando e a vendedora, estimando que, ao final do expediente, pode (ou não) conseguir o número de vendas necessárias e sendo sua resposta, no mínimo, convidativa pra que a mulher ligue mais tarde, "por que não garantir o da prestação do carro?", pensou ela.
conheço umas histórias bizarras de telemarketing que é pra desejar como trabalho ao nosso pior inimigo, apenas.
mesmo assim, pra que ela quer um carro, ahn? o buraco da camada de ozônio não está ainda suficientemente arregaçado pela poluição dos carburadores? ou isso é alegoria dos livros de geografia?
(ainda terei o meu 1.0 e terei que bater a boca no teclado, ai ai ai)
te amo, karla nazareth.
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