agosto 06, 2006

A psicologia entre irmãos devia ser algo ameno, sintonizado. Que nem em novela – quando um se machuca, o outro sente um mal estar. Aí eles se ligam e perguntam:

- Mano, está tudo bem?
- Não, eu tropecei na calçada e caí em cima dos lixos, há cachorros se aproximando.
- Estou aí em 10 minutos. Não se preocupe.

Em vez disso:

- Eu seria mil vezes mais útil se eu caísse de bunda na sua cabeça e nós morrêssemos, sua escrota!
- Você nasceu da mesma barriga que eu, han? Acho impressionante o quanto a variabilidade genética entrega produtos de qualidade tão diferente.
- Vai encarar, vai encarar?
- E não é o que eu já estou fazendo?
- Não. Você está andando para trás.
- Estou tomando distância para pular em você, sua maníaca.
Francamente, em 21 anos não vi etiqueta que comporte a relação entre irmãos (e irmãs). È altamente instável. Tem horas que dá vontade de assar no forno. Outras não, dá vontade de pendurar o fedelho pelo suspensório no varal. Dá até para ser compreensivo e tolerante, mas é tudo muito transitório. Irmão é o parente que tu não escolhes, mas o que tu vais ter que conviver, dividir tudo até sair de casa; às vezes nem aí surge o ponto final. Rômulo trucidou Remo. Todo mundo sabe o que aconteceu em Hamlet. Na vida real, César Bórgia foi um calo na vida de todos os seus irmãos, seu coração era um liquidificador: odiava, amava, odiava, amava. Dos podres deles, a gente sabe quase todos, e dos que não sabe desconfia. Acho que o problema é esse. Dá medo viver com alguém que te conhece tanto e que, no fim das contas, te tolera muito pouco. Não são só casamentos que não dão certo. A convivência entre irmãos pode não dar certo.Esse texto está começando a não dar certo. Minha cabeça está cheia dessa porra desse volume de tevê que a minha irmã está assistindo.

2 Comentários:

Blogger K. disse...

eu sempre preferi meus amigos imaginários mesmo

8/06/2006  
Blogger FranciscoLucas disse...

É, eu sei como é. Aguente!

8/07/2006  

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