agosto 10, 2006

Mudança de Ares

agosto 06, 2006

A psicologia entre irmãos devia ser algo ameno, sintonizado. Que nem em novela – quando um se machuca, o outro sente um mal estar. Aí eles se ligam e perguntam:

- Mano, está tudo bem?
- Não, eu tropecei na calçada e caí em cima dos lixos, há cachorros se aproximando.
- Estou aí em 10 minutos. Não se preocupe.

Em vez disso:

- Eu seria mil vezes mais útil se eu caísse de bunda na sua cabeça e nós morrêssemos, sua escrota!
- Você nasceu da mesma barriga que eu, han? Acho impressionante o quanto a variabilidade genética entrega produtos de qualidade tão diferente.
- Vai encarar, vai encarar?
- E não é o que eu já estou fazendo?
- Não. Você está andando para trás.
- Estou tomando distância para pular em você, sua maníaca.
Francamente, em 21 anos não vi etiqueta que comporte a relação entre irmãos (e irmãs). È altamente instável. Tem horas que dá vontade de assar no forno. Outras não, dá vontade de pendurar o fedelho pelo suspensório no varal. Dá até para ser compreensivo e tolerante, mas é tudo muito transitório. Irmão é o parente que tu não escolhes, mas o que tu vais ter que conviver, dividir tudo até sair de casa; às vezes nem aí surge o ponto final. Rômulo trucidou Remo. Todo mundo sabe o que aconteceu em Hamlet. Na vida real, César Bórgia foi um calo na vida de todos os seus irmãos, seu coração era um liquidificador: odiava, amava, odiava, amava. Dos podres deles, a gente sabe quase todos, e dos que não sabe desconfia. Acho que o problema é esse. Dá medo viver com alguém que te conhece tanto e que, no fim das contas, te tolera muito pouco. Não são só casamentos que não dão certo. A convivência entre irmãos pode não dar certo.Esse texto está começando a não dar certo. Minha cabeça está cheia dessa porra desse volume de tevê que a minha irmã está assistindo.

agosto 04, 2006

Que arranjo, ehin!

Voz do Brasil. As Filhas de Chiquita. Páginas da Vida (Capítulo de estréia da Morte de Nanda). Tudo numa quinta-feira que parecia ser a mais modorrenta de todos os tempos. Terminou que a minha previsão do tempo deu errado e um vento (aquelas brisas de novela) virou a meu favor. Tenho certeza disso.

1.

Estava entediada, olhando para o horizonte e o meu horizonte era a tela do computador. Eu me toquei que era o dia da estréia. Mobilizei forças, ou seja, deixei um scrap. Pronto o arranjo estava encomendado.

2.

No carro, a caminho do ccbeu, como única opção de áudio tínhamos a Voz do Brasil. Felipe comentava [alegremente] o quanto a Voz do Brasil melhorou desde a sua criação, que se o Governo Lula fez realmente algo de bom foi melhorá-la, pois apesar da chiadeira incrível, a modernização da música tema – o prelúdio de O Guarani – era um convite infinitamente mais bacana* para se escutar as notícias do Governo. Lembrava, mas só de longe, a Hora do Brasil varguista, bla bla blá. O Felipe nem fala pra cacete, mas aquele papo já tava entrando obtuso na minha cabeça, porque para mim, por mais que eu tente ser uma cidadã consciente (menos pela FOLHA – essa implicância está ganhando proporções fora de controle), a Hora do Brasil é tradicionalmente a Hora da Economia. É quando eu desligo o rádio e sei lá, vou viver. Ele que estava dirigindo, mas quase eu bato o carro.

3.

Confortavelmente instalados nas poltronas bacanas* do ccbeu e com o controle de qualidade deles na mão, começamos a assistir o filme As Filhas da Chiquita. Duvidando da qualidade do filme, o Felipe começou a simpatizar com a coisa. Eu relaxei totalmente quando ele deu a primeira risada. Quer dizer, sabe o quanto custa um sorriso? Não vou começar esse papo piegas, mas é o que o Vlad disse no final: Obrigada pelas gargalhadas. Não tem melhor recompensa para uma fábrica de entrenimento. Mas o documentário também era informação, conscientização. Gostei bastante e indico ao público do eixo Rio – São Paulo – Mossoró que não percam quando esse filme ganhar as telas daí. “As Filhas da Chiquita”. Da Priscilla Brasil. www.greenvision.com.br

4.

Ein? Eu não sabia que a Nanda ia morrer. A Milenna que me contou pelo MSN. Eu fiquei aterrada, chocada, indignada, ojerizada, ostracisada, cagada, antecipada, assanhada. Ops. Porque ela era a minha razão de ver a novela. Por que ela era a minha razão de ver a novela? Ela sifu muito mais do que eu. Só o gênio do Maneco para me tornar uma dona de casa resignada e feliz com a imensa sorte que eu tive. Agora só resta eu melhorar a minha sorte e telar todo esse apartamento. Mas olha, para dizer a verdade ainda bem que ela morreu antes das minhas aulas voltarem. A partir de 8 de agosto, eu não quero mais saber de TV na minha frente.

5.

Agora estou aqui: depois do Jornal da Globo esperando ansiosamente pelo Bom Dia Brasil – O jornal mais ruim da galáxia terrestre.

6.

Um dia você ainda entende como eu gosto de coisas que considero podre.
*gírias a esmo é que nem barriga de chopp. começa com um descuido, termina com uma trombose.
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